segunda-feira, 22 de abril de 2013

Adélia Prado

Boa noite queridos!
Apesar de hoje está na moda livros de trilogias ou algum que refere as series da telinha, os quais eu também gosto, hoje eu venho compartilhar uma escritora qual a obra tive o enorme prazer de conhecer na oficina de Teatro e Poesia do Arena em Cristo, apresento-lhes Adélia Prado.


Mineira, nascida em Dezembro, ela é das antigas, inspirada por grandes nomes como Drummond, Guimarães Rosa e Clarisse. Porém na sua obra Deus é personagem principal, Ele está em tudo. Não apenas Ele, mas a fé católica, a reza, a lida cristã, em suas palavras:

"Tenho confissão de fé católica. Minha experiência de fé carrega e inclui esta marca. Qual a importância da religião? Dá sentido à minha vida, costura minha experiência, me dá horizonte. Acredito que personagens são álter egos, está neles a digital do autor. Mas, enquanto literatura, devem ser todos melhores que o criador para que o livro se justifique a ponto de ser lido pelo seu autor como um livro de outro. Autobiografias das boas são excelentes ficções."


Ainda não tive o prazer de conhecer toda sua obra, mas um dos poemas que me chamou mais atenção foi este:


Adélia Prado
COM LICENÇA POÉTICA

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.  Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Inspirado na obra Drummond o livro Alguma Poesia

Carlos Drummond de Andrade

POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é serio, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


Apesar de admirar Drummond prefiro o poema da Adélia sou mais um anjo esbelto que toca trombeta à um anjo que vive nas trevas, além do mais como boa cristã sei que Deus não me abandona e apesar dos meus erros e minhas falhas sei que em Cristo há solução para elas.
Espero que tenham gostado.
Fiquem com Deus
XOXO

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